quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Distante de seus olhos, avistou em tamanho "p" àqueles que tocavam a música que a chamou. A fim de ouvi-la melhor e poder ver de perto os seres privilegiados que a tocava, atravessou o imenso saguão, sem móveis, pouca luz e coberto de ecos, que lembravam caixinhas de música. Um vibrafone, um cravo, dois violinos e dois violoncelos. A medida que ia chegando perto, seu sorriso ia crescendo. Parou, não muito perto, diante deles. E uma flor parou em frente aos seus olhos. Pegou e ao se virar, deparou-se com um ser mascarado, que lhe estendeu a mão, a chamando para dançar. E deixou-se guiar por aquele ser, que estava sendo guiado por aquela valsa. Um, dois, três, um, dois, três...De olhos fechados, flutuava. Os rostos colados, a mão dele em sua cintura, o calor dos corpos...Ao abrir os olhos, a música havia parado; não havia nenhum músico e nem o ser mascarado. Somente a flor, em seus cabelos. Olhou ao seu redor. Pegou a flor e, com um suspiro, sorriu. Após a próxima piscadela, havia menos luz do que havia no saguão. Foi piscando e forçando a visão até entender que estava deitada na sua cama, em seu quarto. "Sonho", pensou sorrindo. Era quase a hora de se levantar e ir para sua aula de música. Mas não esperou. Deu logo uma espreguiçada e pôs-se de pé, a fim de chegar na escola, ter sua aula e viver feliz aquele dia, a fim de que a noite pudesse chegar logo e, assim, viver todo aquele sonho novamente.
Nascer para viver; morrer para crer.
Diante do espelho, sou eu.
Diante de mim, sou todos os eus do mundo.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Indiferente para com o dia, ocioso ou não, lá vai ela. Mais uma alma em direção ao nada, por não ser nada e por sentir culpa, não por ter feito ou fazer parte, mas sim por ter nascido; pela desgraçada culpa de ter nascido humana.